quinta-feira, 5 de outubro de 2006

“Um Novo Começar…”

Depois de ter estado durante algum tempo na incubadora… eis, que o meu “Um Mundo Diferente”, resolveu dar uma espreitadela e gritar ao mundo que já existe…
Assim, depois de muito pensar… qual seria a sua finalidade, hoje ganhei coragem!!! Decidi que este não seria apenas um espaço meu, mas sim de todos aqueles que nele quisessem interagir…

Deste modo, achei que seria interessante criar um espaço onde se possam publicar ideias minhas e de amigos que nele queiram participar. Podendo assim servir para publicação dos mais variadíssimos assuntos, podendo ser abordados temas científicos, literatura, musica, fotografia, publicidade…. Tudo aquilo que quisermos… porque no fundo este não é um espaço meu… mas nosso!!! E o importante aqui é a diversidade…
Na realidade, pretendo que este seja um espaço interactivo onde possamos divulgar tudo aquilo que quisermos…

Para participar e enviar os vossos documentos (já que os comentários podem e devem ser feitos directamente no blog), basta apenas que me enviem os mesmos via e-mail (de momento apenas está disponível através do “View My Complete Profile”, mas de qualquer forma deixo-vos aqui também… ummundodiferente@gmail.com), juntamente com o nome do autor e também com alguma informação que complemente o vosso documento (tal como: qual o significado que o mesmo tem para vocês...). No fundo, sejamos todos criativos…
A ideia parece ser interessante… só é necessário colaboração…

Fico a aguardar ansiosamente pelas vossas participações e criações…

4 comentários:

Anónimo disse...

Pois Sandra, gostei do blog e da ideia de ser uma partilha, mais interativo. Goste de navegar por esses mundos tão longe e tão perto, e tenho visto muita coisa interessante, também tenho um blog, mas esse não é público, são as minhas reflecções e inquietudes, que por só terem interesse para mim, ficam guardados para um dia recordar.
Bjs
Carla Vargas Wood

Sj disse...

Carlinha, agradeço as tuas simpaticas palavras, e sempre que quiseres tens aqui um espaço à tua espera... É sempre bom saber, que mesmo apesar das distâncias, continuamos aqui...
Bjs
Sandra

Anónimo disse...

Newton Monteiro Guimarães Disse:
22 Abril 2009 às 13:40 pm.
E muito dificil comentar a cerca da existencia do univeso... O que a muito tempo tem-se descobrido muito a respeito , e ainda á muitos infinitos ainda por se descobrir. Em verdade é facinate a beleza do univeso, comparado a humanidade o homem relativamente etá ainda na aurora da vida, mas vale muito sem valoer que possa igualar a esta infita maravilha. Eu EM PARTICULA SOU A FAVOR DE CERTA TESE, E CONTRA OUTRAS...
cOM TODO RESPEITO:ESTUDAR SIM... MAS, DEVEMOS CUIDAR DA HUMANIDADE QUE PASSA FOME, ACABAR COM AS GUERRAS, EMFIM ESSAS BELEZAS UNIVERSAIS NÃO FOI CRIADA POR GUERRAS, OU POR UM DEUS, O CÓSMO ´´E O PROPRIO CRIADOR A QUEM CHAMAMOS DE DEUS OU SEJA COMO CADA SER HUMANO ENTENDER... O HOMEM SURGIU NA EXISTENCIA Á 4.5 BLHÕES DE ANOS, E VAI CONTINUAR ASSIM SEMPRE EM BUSCA DE DESCOBRIR O UNIVERSO DESCOBRIR DEUS OU UNIVERSO É A MORTE. BIG BEM EM EXPASÃO INFORMA A GRADE EXPLOSÃO, QUE NO IVERSO OCORRE O MESMO. QUANTO MAIS HORIZONTES DESCOBRIMOS A RESPEITO RUMO AO INFINITO,MAIS INFINITOS TEMOS AINDA POR DESCOBRIR, CONCORDO COM A CURIOSIDADE DO SER HUMANO SE COM A ETICA,MAS ONDE ESTA A ETICA JUNTO A AMBISÃO? VEJO UMA ABSÃO SEM A ETICA. ONDE ESTÁ A MATEMATICA QUE SUSTENTA A MECANICA DO UNIVERSO?

Quando se trata de escolher o maior cientista de todos os tempos, mesmo com muito espírito polêmico, é dificil escapar ao consenso: Isaac Newton.
Nasceu prematuro, doentio e orfão de pai, no dia do Natal de 1642. Antes de completar 3 anos sua mãe se casou com um pastor protestante, que exigiu que ele fosse deixado com a avó. Newton odiou o padrasto cruel, ao ponto de certa vez tentar queima-lo, mais tarde, projetou esse ódio em todos os oponentes intelectuais que ousaram desafia-lo.
Quando ingressou na Universidade em Cambridge, sua mãe recusou-se a pagar-lhe os estudos. Na aristocrática sociedade inglêsa, teve que enfrentar a condição de bolsista, o que o obrigava a usar um uniforme diferente e prestar serviços domésticos aos alunos pagantes - humilhação difícil de suportar para quem tratava seus próprios criados como um tirano.
A influência deste inglês na história da ciência foi ainda maior do que a de Einstein e só pode ser comparada à do filósofo grego Aristótoles (384 - 322 a.C.). Neurótico, solitário, rancoroso, vingativo, ele legou ao mundo o cáculo diferencial e integral, a mecânica e a óptica racionais e a teoria da gravitação universal. Sua obra coroa a “revolução científica do século 17″ que deu origem à ciência moderna.
Depois de 300 anos e estudos, Newton ainda é um desafio para os historiadores da ciência. E certos aspectos de sua biografia mal começam a ser desvendados.
Em agosto de 1684, uma visita importante quebra a rotina de Newton. Com seus 42 anos incompletos, o professor de matemática é um caramujo, quase um porco espinho, em matéria de relacionamento social. Sempre absorto em seus pensamentos, evita as festas e comemorações, raramente recebe alguém e sente-se aborrecido em responder às poucas cartas que recebe. Estas são enviadas por outros cientistas , estimulados por sua fama e realizações. A principal delas até o momento, a invenção de um telescópio por reflexão, abriu-lhe as portas do mais exclusivo clube científico da época, a Royal Society inglesa. A súbita celebridade parece-lhe, porém, uma insuportável fonte de distrações. É contra o hábito, portanto, que recpciona o jovem e brilhante astrônomo Edmond Halley, mais tarde homenageado com a atribuição de seu nome ao cometa cuja órbita calculou.
Halley viera de Londres a Cambridge com o único objetivo de interrogar Newton acerca de um difícil problema científico. Seis meses antes, numa reunião da Royal Society, ele o havia discutido com dois expoentes da inteligência inglesa, o físico Robert Hooke, presidente da instituição, e o arquiteto Christopher Wren. O problema era o assuntodo momento nas rodas de ciência: como explicar o movimento dos planetas, observado pelos astrônomos, a partir das “leis” da física da época ?
Hooke, Wren e Halley haviam concordado que, para os planetas permanecerem em órbita, precisava atuar sobre els uma força, orientada para o Sol, cuja intensidade fosse tanto menor quanto maior fosse a distância entre o planeta e aquela estrela.
O grande desafio era demonstrar, a partir de cálculos rigorosos, que uma força desse tipo levava os planetas a descreverem órbitas elipticas, como afirma a primeira lei de Kepler.
Conhecedor da fama de Newton, Halley foi até Cambridge para ver o que conseguia arrancar dele. Quando o interrogou sobre como seria a curva decrita pelos planetas, caso a força de atração do Sol fosse inversamente proporcional ao quadrado da distância, Newton respondeu imediatamente: “Uma elipse”. Encantado o astrônomo lhe perguntou como sabia disso. “Ora”, disse o outro com a maior naturalidade, “eu a calculei”. Halley não conseguia esconder seu assombro. Mais assombrado teria ficado se soubesse que Newton chegara à relação do inverso do quadrado da distância quase duas décadas antes, em 1666, quando recém bacharelado, não havia completado ainda 24 anos.
Entre 1665 e 66 a Universidade foi fechada devido a receio de contagio, uma vez que a peste assolava a Inglaterra e só em Londres havia matado mais de 75 mil pessoas, levando Newton de volta a fazenda da sua mãe, foram os anos mais produtivos de Newton.
Suas realizações foram fruto de intuições geniais, sem dúvida mas também de uma capacidade de concentração e de um esforço quase sobre humanos. Quando lhe perguntaram, anos mais tarde, como havia chegado à lei da gravitação universal, ele respondeu: “Pensando nela continuamente” .
Melhor do que qualquer outra, esta frase sintetiza seu estilo pessoal. Ele não se dedicava a um assunto sem faze-lo de maneira integral, exclusiva, compulsiva, quase fanática.
Richard Westfall, professor de história e filosofia da Univ. de Indiana, EUA e autor de uma monumental biografia de Newton, revela os estudos solitários que Newton desenvolveu na época de estudante. Seus manuscritos vasculhados por Westfall revelam que , antes de se refugiar no campo e ainda na condição de estudante, Newton havia assimilado e superado toda a ciência de seu tempo.
Porém cerca de 20 anos depois, quando Halley lhe pediu, em sua visita, uma demonstração matemática da trajetória de um planeta, Newton muito cauteloso não a entregou de imediato - após tres meses de espera , o astrônomo recebeu bem mais do que havia pedido. Num artigo de 9 páginas, Newton solucionou o problema pelos dois lados: partindo das órbitas elipticas, chegou à força inversamente proporcional ao quadrado da distância; admitindo a existência desta força, deduziu que os planetas deveriam descrever trajetórias elipticas. E não parou por aí: com base na força de atração, demostrou também a segunda e a terceira leis e Kepler. De quebra, calculou trajetória de um projétil num meio resistente ao movimento.
O pequeno tratado provocou uma verdadeira convulsão. Os membros da Royal Society faziam fila para le-lo e alguns tiveram de esperar até um mes para chegar a sua vez.
Durante os dois anos seguintes, Newton que havia sido despertado por Halley, reavivou seu interesse pela física, indo se ocupar de corpo e alma com os conceitos de física - Desta luta resultou a obra máxima de Newton: os Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, Pricípios Matemáticos da Filosofia Natural.
Em linguagem simples, eles afirmam os tres princípios do movimento:
1 - A menos que uma força externa atue, todo corpo tende a permanecerem repouso ou em movimento retilíneo e uniforme ( princípio da inércia)
2 - Caso uma força externa atue, a aceleração que o corpo recebe dela, é diretamente proporcional à sua intensidade ( princípio fundamental da dinâmica).
3 - Ao receber uma força de outro, o corpo tambem exerce sobre este uma força de igual intensidade, mesma direção e sentido contrário ( princípio de ação e reação)
A aparente simplicidade destes princípios esconde o enorme esforço empreendido por Newton em sua definição. O conceito de inércia, em especial, proposto pelo filósofo frances René Descartes (1596 - 1650), passou por várias reformulações antes e alcançaruma expressão depurada e operacional.
O espetacular sucesso atingido pelos Pricipia, mudou a vida de Newton. Em pouco tempo, o caramujo se abriu ao mundo. Em 1696 foi nomeado para a superintendencia da casa da moeda, abandonando Cambridge e indo se estabelecer em Londres. A saida da universidade representa o fim da atividade científica, mas o início de seu poderio político nos círculos da ciência. Adulado por todos, foi eleito presidente da Royal Society, em 1703 e dois anos depois sagrado cavaleiro. Sir Isaac Newton dirigiu a instituição com mão de ferro até sua morte em 20 de março de 1727.
Nesta posição vantajosa teve oportunidade de ajustar contas com antigos rivais, entre eles o matemático alemão Gottfried Wilhelm Lebniz ( 1646 - 1716), com quem disputou a autoria do cálculo diferencial e integral, criado independentemente por ambos.

Anónimo disse...

O Universo infinito
À memória de José Fernando Monteiro
:: 2006-07-03 Por Por Carlos Fiolhais, professor catedrático no Departamento de Física da Universidade de Coimbra
Entre as grandes questões que desde sempre inquietaram a humanidade está esta: É o Universo finito ou infinito? É fechado ou é aberto? Durante muito tempo, na história do pensamento, o Universo foi finito, fechado na sua sétima e última esfera. Mas, entre outras mudanças que a Revolução Científica trouxe, houve uma que não foi de somenos: o Universo passou a ser infinito. A data da “abertura do Universo” foi 1576 e o “abridor” foi um inglês injustamente obscuro, Thomas Digges. Um defensor mais famoso do Universo infinito foi o seu contemporâneo, o italiano Giordano Bruno, que por essa e outras ideias foi queimado em vida. Compreende-se que Galileu não tenha querido adiantar muito sobre o assunto. Mas, para Newton, o Universo já era infinito, pois não havia outra maneira de evitar a aglomeração de estrelas imposta pela gravitação universal.
* Este artigo foi produzido para o Portal do Astrónomo - http://www.portaldoastronomo.pt
Ciência Hoje agradece a cortesia do Portal e de Carlos Fiolhais que autorizaram a sua publicação em CH
Ciência Hoje agradece a cortesia do Portal e de Carlos Fiolhais que autorizaram a sua publicação em CH

Estaremos sós no Universo?” é o tema da intervenção de Filipe Pires, astrónomo do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), incluída no ciclo “Astronomia às 21!”, um conjunto de conferências públicas mensais sobre os vários temas da astronomia. Vai ser no dia 16 de Fevereiro, quinta-feira, às 21h30, no auditório da Biblioteca Almeida Garrett,.
Foi há pouco mais de 11 anos, no dia 23 de Novembro de 1995, que Michel Mayor e Didier Queloz surpreenderam o mundo com o anúncio da descoberta do primeiro planeta extra-solar em redor da estrela 51 de Pegasus. Desde então, várias equipas descobriram já 200 outros novos Mundos. Como são este planetas detectados? Podemos vê-los? Quais as suas características? Algum deles pode ter vida? Estas são algumas das perguntas que tentaremos responder durante o decorrer do debate.
As conferências do ciclo “Astronomia às 21!”, com uma duração de 45 minutos, têm entrada livre e destinam-se ao público em geral, ou seja, a todos os que sintam curiosidade pelos mistérios do mundo da astronomia.

Física

Física é a ciência que trata dos componentes fundamentais do Universo, as forças que eles exercem e os resultados destas forças. O termo vem do grego φύσις (physike), que significa natureza, pois nos seus primórdios ela estudava indistintamente muitos aspectos do mundo natural. A Física difere da Química ao lidar menos com substâncias específicas e mais com a matéria em geral, embora existam áreas que se cruzem como a Físico-química (intimidade da matéria). Desta forma, os físicos estudam uma vasta gama de fenômenos físicos em diversas escalas de comprimento: das partículas subatômicas das quais toda a matéria é originada até o comportamento do universo material como um todo (Cosmologia).
Como ciência, a Física faz uso do método científico. Baseia-se na Matemática e na Lógica para a formulação de seus conceitos.
• 1 Divisões 1.1 Áreas da Física
• 2 Filosofia da Física
• 3 Ver também
• 4 Ligações externas

Divisões
Um sistema de divisão da Física pode ser feito levando-se em conta a magnitude do objeto em análise. A física quântica trata do universo do muito pequeno, dos átomos e das partículas que compõem os átomos; a física clássica trata dos objetos que encontramos no nosso dia-a-dia; e a física relativística trata de situações que envolvem grandes quantidades de matéria e energia.
A divisão mais tradicional, no entanto, é aquela feita de acordo com as propriedades mais estudadas nos fenômenos. Daí temos a Mecânica, quando se estudam objetos a partir de seu movimento ou ausência de movimento, e também as condições que provocam esse movimento; a Termodinâmica, quando se estudam o calor, o trabalho, as propriedades das substâncias, os processos que as envolvem e as transformações de uma forma de energia em outra; o Electromagnetismo quando se analisam as propriedades elétricas, aquelas que existem em função do fluxo de elétrons nos corpos; a Ondulatória, que estuda a propagação de energia pelo espaço; a Óptica, que estuda os objetos a partir de suas impressões visuais; a Acústica, que estuda os objetos a partir das impressões sonoras; e mais algumas outras divisões menores.
Áreas da Física
• Mecânica
o Cinemática
o Dinâmica
o Estática
o Hidrostática
o Hidrodinâmica
o Aerostática
o Aerodinâmica
• Termologia
o Termodinâmica
o Calorimetria
Ondulatória
Acústica
Óptica
Electromagnetismos
Magnetismo
Eletricidade
Física Moderna
Relatividade geral
Relatividade restrita
Física de Partículas
Física Subatômica
Física Atômica
Física Molecular
Física Nuclear
Mecânica Quântica
Mecânica Estatística
Aplicações na tecnologia
• Eletrônica
• Física computacional
Outras áreas
• Física de Materiais
• Mecânica estatística
• Física Matemática
• Física de Plasmas
• Oceanografia
• Econofísica
• Física atmosférica
Aplicações em outras ciências
• Físico-química (na química)
• Astrofísica (na astronomia)
• Geofísica (na geologia)
• Biofísica (na biologia)
• Física Médica (na medicina)
• Agrofísica (na agronomia)
Filosofia da Física
Muito sobre a filosofia que envolve a física pode ser encontrado em Filosofia, Metafísica, Ciência e método científico. Entretanto, existem filosofias peculiares da Física.
Um exemplo de filosofia física é o Determinismo Científico, que diz que tudo que existe não passa de partículas e que o movimento dessas partículas é determinado para sempre quando determina-se a posição e a velocidade da partícula no momento atual. Ou seja, conhecendo a posição de todas as coisas e a sua velocidade, poderia se conhecer todo o passado e o futuro. O determinismo stricto sensu não existe na Física Quântica, pela qual só se pode determinar probabilidades de posições e velocidades, nunca valores exatos.
Um exemplo de filosofia muito forte entre os físicos é o Reducionismo. Segundo essa linha de pensamento, é possível escrever leis básicas que descrevem o comportamento do Universo. Todo tipo de conhecimento poderia ser reduzido a essas leis básicas. Por exemplo, acredita-se que todos os fenômenos químicos possam ser deduzidos da Física Quântica, se o número de cálculos envolvidos for viável. Um dos propósitos da Física, talvez o principal, é encontrar essas leis básicas que regem o Universo. O Reducionismo coloca a Física na posição da ciência mais básica de todas, pois a partir dela seria possível se obter todas as outras. Isso quer dizer que todos os conceitos das outras ciências poderiam ser reduzidos a conceitos físicos. Entretanto, ao contrário do que pode parecer, essa visão não tenta caracterizar as outras ciências como inúteis, pois o conhecimento das leis básicas não garante que seja viável tratar sistemas complexos sem se utilizar de conceitos derivados delas. Por exemplo, muitos conceitos da Química são úteis porque não é viável nem necessário tratar os sistemas puramente com Física Quântica.

Esta designação, cujo sentido primitivo parece ser puramente classificador, teve posteriormente um significado mais profundo, pois, com os estudos que são objecto da filosofia primeira, se constitui um saber que pretende penetrar no que está situado para além ou detrás do ser físico enquanto tal.

Segundo o próprio Aristóteles, há uma ciência que estuda o ser enquanto ser. Essa ciência investiga os primeiros princípios e as principais causas. Merece, por isso, ser chamada filosofia primeira, diferente de qualquer filosofia segunda. Aquilo que é enquanto é, tem certos princípios, que são os axiomas, e estes aplicam-se a qualquer substância como substância e não a este ou àquele tipo de substância.
Aquilo a que chama filosofia primeira, ao ocupar-se do ser como ser, das suas determinações, princípios, etc, ocupa-se de algo que é, na ordem do que é na ordem também do seu conhecimento. Mas pode entender-se este ser superior ou supremo de dois modos: ou como estudo formal daquilo que depois se irá chamar formalidades, e, nesse caso, a metafísica será aquilo que depois se irá chamar ontologia, ou então como estudo da substância separada e imóvel – o primeiro motor, Deus — e nesse caso será, como Aristóteles lhe chama, “filosofia teológica”, isto é, teologia.
Os escolásticos medievais ocupar-se-ão muitas vezes, da questão do objecto próprio da metafísica. E como o conteúdo da teologia estava determinado pela revelação, ocuparam-se também das relações entre metafísica e teologia. Foram muitas as opiniões sobre estes dois problemas.
Quase todos os autores concordaram em que a metafísica é uma ciência primeira e uma filosofia primeira. Mas, atrás disto, vêm as divergências. S. Tomás pensou que a metafísica tem por objecto o estudo das causas primeiras. Mas a causa real e radicalmente primeira é Deus. A metafísica trata do ser, o qual é “convertível com a verdade”. Mas a fonte de toda a verdade é Deus. Nestes sentidos, pois, Deus é o objecto da metafísica. Por outro lado, a metafísica é a ciência do ser como ser e da substância, ocupa-se do ente comum e do primeiro ente, separado da matéria. Parece, assim, que a metafísica é duas ciências ou que tem dois objectos. Contudo isso não acontece, pois trata-se antes de dois modos de considerar a metafísica. Em um desses modos, a metafísica tem um conteúdo teológico, mas este conteúdo não é dado pela própria metafísica, mas pela revelação: a metafísica está, pois, subordinada à teologia. No outro destes modos, a metafísica é o estudo daquilo que aparece primeiro no entendimento; continua a estar subordinada à teologia, mas sem se pôr formalmente o problema dessa subordinação. Para Duns Escoto, a metafísica é primeira e formalmente ciência do ente. Para Duns Escoto, tal como antes para Avicena, a metafísica é anterior à teologia, não pelo facto de o objecto desta estar realmente subordinado ao objecto da primeira, mas pelo facto de, sendo a metafísica ciência do ser, o conhecimento deste último ser fundamento do conhecimento do ser infinito. Suárez resumiu e analisou quase todas as opiniões acerca da metafísica propostas pelos escolásticos e sustentou que essas opiniões têm todas alguma justificação, embora sejam parciais. Tanto os que defendem que o objecto da metafísica é o ente considerado na sua maior abstracção, como os que afirmam que é o ente real em toda a sua extensão, ou os que dizem que o único objecto é Deus, ou os que declaram que este único objecto é a substância enquanto tal, descobriram verdades parciais. Para Suárez, a noção de metafísica não é tão ampla como alguns supõem, nem tão restrita como outros admitem. A metafísica é a ciência do ser enquanto ser, concebido como transcendente. O princípio “o ser é transcendente” é, para Suárez, a forma capital da metafísica. Durante a época moderna, defenderam-se opiniões muito diferentes acerca da metafísica, incluindo a opinião de que não é uma ciência nem nunca o poderá ser. Francis Bacon considerava que a metafísica é a ciência das causas formais e finais, ao contrário da física, que é a ciência das causas materiais e eficientes. Para Descartes, a metafísica é uma filosofia primeira que trata de questões como a existência de Deus e a distinção real entre a alma e o corpo do homem. Característico de muitas das meditações ou reflexões ditas metafísicas, na época moderna, é que tentam explicar problemas trans-físicos e que, nesta explicação, se começa com a questão da certeza e das primeiras verdades. A metafísica só é possível como ciência quando se apoia numa verdade indubitável e absolutamente certa, por meio da qual podem alcançar-se as verdades eternas. A metafísica continua a ser, em grande parte, ciência do transcendente, mas esta transcendência apoia-se, em muitos casos, na absoluta imediatez e imanência do eu pensante.
Outros autores rejeitaram a possibilidade do conhecimento metafísico e, em geral, de qualquer realidade considerada transcendente. O caso mais conhecido, na época moderna é o de Hume. A divisão de qualquer conhecimento em conhecimento de factos ou relações de ideias deixa sem base o conhecimento de qualquer objecto metafísico; não há metafísica porque não há objecto de que essa pertença ciência possa ocupar-se. Outros estabeleceram uma distinção entre metafísica e ontologia. Na ontologia, recolhe-se o aspecto mais formal da metafísica.
Concebe-se a ontologia como uma filosofia primeira que se ocupa do ente em geral. Por isso pode equiparar-se a ontologia a uma metafísica geral. As dificuldades oferecidas por muitas das definições anteriores de metafísica pareciam desvanecer-se em parte: a metafísica como ontologia não era ciência
de nenhum ente determinado, mas podia dividir-se em certos ramos (como a teologia, a cosmologia e a psicologia racional) que se ocupavam de entes determinados, embora em sentido muito geral e como princípio de estudo desses entes — isto é, em sentido o**
A persistente tendência das ciências positivas ou ciências particulares relativamente à filosofia agudizou as questões fundamentais que se tinham levantado acerca da metafísica, e em particular as duas questões seguintes:
1) Se a metafísica é possível como ciência;
2) De que se ocupa.
A filosofia de Kant é central na discussão destes dois problemas. Este autor tomou a sério os ataques de Hume contra a pretensão de alcançar um saber racional e completo da realidade, mas, ao mesmo tempo, tomou a sério o problema da possibilidade de uma metafísica. A metafísica foi, até agora, a arena das discussões sem fim, edificada no ar, não produziu senão castelos de cartas. Não pode, pois, continuar-se pelo mesmo caminho e continuar a dar rédea solta às especulações sem fundamento. Por outro lado, não é possível simplesmente cair no cepticismo: é mister fundar a metafísica para que venha a converter-se em ciência e para isso há que proceder a uma crítica das limitações da razão. Em suma, a metafísica deve sujeitar-se ao tribunal da crítica, à qual nada escapa nem deve escapar. Kant nega, pois, a metafísica, mas com o fim de a fundar. Tal como na idade média, a metafísica constituiu,
durante a idade moderna e depois ao longo da idade contemporânea, um dos grandes temas de debate filosófico, e isso a tal ponto que a maior parte das posições filosóficas, desde Kant até à data, se podem compreender em função da sua atitude perante a filosofia primeira. As tendências adscritas àquilo que poderíamos chamar a filosofia tradicional não negaram em nenhum momento a possibilidade da metafísica. O mesmo aconteceu com o idealismo alemão, embora o próprio termo metafísica não tenha recebido com frequência grandes honras. Em contrapartida, a partir do momento em que se acentuou a necessidade de se ater a um saber positivo, a metafísica foi submetida a uma crítica constante. Na filosofia de Comte isto é evidente: a metafísica é um modo de conhecer próprio de uma época da humanidade, destinada a ser superada pela época positivista. Esta negação da metafísica implicava, por vezes, a negação do próprio saber filosófico. Por isso surgiram, nos fins do século dezanove e começos do século vinte, várias tendências antipositivistas que, embora hostis em princípio à metafísica, acabaram por aceitá-la.
Existencialismo e bergsonismo e muitas outras correntes do nosso século são ou de carácter declaradamente metafísico ou reconhecem que o que se faz em filosofia é propriamente um pensar de certo modo metafísico. Em contrapartida, outras correntes contemporâneas opuseram-se decididamente à metafísica, considerando-a uma pseudociência. É o que acontece com alguns pragmatistas, com os marxistas e em particular com os positivistas lógicos (neopositivistas) e com muitos dos chamados analistas. Comum aos positivistas é terem adoptado uma posição sensivelmente análoga à de Hume. Acrescentaram à posição de Hume considerações de carácter linguístico. Assim, sustentou-se que a metafísica surge unicamente como consequência das ilusões em que a linguagem nos envolve. As proposições metafísicas não são nem verdadeiras nem falsas: carecem simplesmente de sentido. A metafísica não é, pois, possível, porque não há linguagem metafísica.
A metafísica é, pois, um abuso da linguagem. Nos últimos anos, foi dado verificar que, inclusive dentro das correntes positivistas e analistas se levantaram questões que podem considerar-se como metafísicas, ou então atenuou-se o rigor contra a possibilidade de qualquer metafísica.
Fonte: Dicionário de José Ferrater Mora.

METAFÍSICA – A palavra metafísica deve a sua origem a uma denominação especial na classificação das obras de Aristóteles feita primeiro por Andrónico de Rodes. Como os livros que tratam da filosofia primeira foram colocados na edição das obras do Estagirita a seguir aos livros da física, chamou-se aos primeiros metafísica, isto é “os que estão detrás da física”.

VAMOS DEIXAR A RC AMORC QUE É O MEMO QUE IRM SÃO IDEPENTE E SE RESPITAM ENTRE SI ASSIM COM OS TEMPLAROIS O VVVVV EUA. ENTRE OUTRAS É UMA FILHA DA OUTRA.
A ESCADA É JACO, OS ROSA CRUSESIANOS-AMORC COM SEDE EM SÃO JOSÉ DA CALIFORNIA EUA, COM DIRETORIOS DOS ORGANIMOS AFILIADOS DA JURIDIÇÃO DA LIGUA PORTUGUESA COM SEDE NO ESTADO PARANA BRASIL CONHECIDA COM A SIGLA GLP, EM BRASILIA GLB E TEM ORGASNIMOS AFILIADOS EM TODOS PAISE E NAÇOES DO PLANETA TERRA LOJAS EM QUASE TODAS A CIDADES DO PLANETA TERRA E DIZEM SER A MAE DA MAÇONARIA NETA DOS ESENNÍOS E BISNETA DOS ATLANTES INCORPORADA AO CRISTIANIMO PELA ODEM “TOM” COFIMAM SER A MAIS ANTIGA FRATERNIDADE DO PLANETA TERRA ONDE PRONUCIA DO “MUNDO” LEBEO AOS LEITORES QUE O MUNDO ASSIM ENTENDIDO NÃO LIMITA SÓ O PLANETA TERRA E SIM TODOO UNIVERSO COSMICO TENDO COMO SEU RENOVADOR O FARAO AMENOFIS VIOU AKINATON QUE SEGUNDO OS ROSA CRUSES ESSE SEU FUNDADOR FOI ELEVADO AOS CEUS , E PUGNA PELA EVOLUSÃO DA HUMANIDADE, COM ESTUDOS DO UNIVERSO COSMICO E DO UNIVERSO HUMANO EM BUSCA DA LUS MAIOR PARA O DOMINIO DA VIDA, O QUE MUITO POUCO PROVADO SE ENCONTRA EM SUA SENDA EMBORA É CONSIDERADA UMA GRADE ESCLA DA HUMANIDADE BEM COMO A IGREJA CATOLICA APOSTOLICA ROMANA, O JUDAISMOS , O TAOISMOS , O IDUISMO , O ISLNISMO, O BUDISMOS ETC, ONDE SEM DESMERECELO A NEHUMA SEJA MAÇONARIA, ROSACRUS , NÃO HA DUVIDA QUE O CLERO ROMANO E O TAOISMO TEM POR SI SÓ O MAIOR TANTO EM MATERIA COMO EM ESSPIRITO, POSSUEM O MAIOR PODER SOBRE O PLANETA TERRA.
COMO DISSE PODE SER PODEROSSIMOS… MAS NÃO ACREDIDO QUE POSSAM MILHARES DE PODERES MAIS DOMINAR A VIDA QUANDO NA VERDADE SE VÊ QUE APESAR DE TUDO MUITO POUCO PODE DOMINAR TERRA DO MUNDO HUMANO QUE REPRESENTA IMAGINARIAMENTE APENAS MENOS DE UMA MOLECULA OU SEJA UM ATÔMO PERANTE O COSMOS QUE TANTO PROPAGAM E ESTUDAM
VISTO SEGUNDO EU SÓ EXISTE SANTOS DEPOIS DA TRANSIÇÃO DIZEM PARA OUTRAS VIDAS O QUE NÃO POÇO OPNAR EM DESFAVOR POR ACREDITAR NA IMENSIDÃO COSMICA DE TRILHOES DE TRILHOES DE ESTRELAS , GALAXIAS, PLANATAS OBRAS DO CRIADOR É DIFIL IMAGINAR EXISTENCIA DE VIDAS INTELIGENTES NO RELATIVO AO COSMO CHAMADO DE TERRA.
Considerando que o hemenm surgiu na Terra a 4.5 bilhôes de anos estamos ainda na aurora da vida, por assi dizer por não ter outra palavra alem desta que expressa ser tão infima humanidade de conhecimento relativo aos universos, se estamos a 9.5 trilhôes de anos luz da terra distante da galaxia de Adrômeda o am 33 ou 31 se não mim engano por lembrar no mometo se é am 31 sei que a Via Lácteia ou Adrõmeda AM 31 OU AM 33 sem contar as milhares de galaxias ja vista pela NAZA.
IMAGINADO QUE A LUZ PERCORRE 300.000 KM POR SEGUNO E QUE UM ANO LUZ E= 9.5 TRILHÔES DE KM ” é a distancia percorrida na velocidade da luz em um ano terra para Chegarmos em Adrômeda, imagindo que o homem surgiu ha 4.5 bilhoes de anos, se conseguisimos viajar um anos nesta velocidade da luz o que daria ida e volta 17 trilhoes de anos ao retornamos a Terra ela já não exitem mais vida. e a vida surgu nos mares, e nosso Planeta tem a mesma idade do sol ou seja do nosso sitema solar que esta a 8 segudos luz da Terra INFORMO QUE DESCOBRIRAM UM PALNETA EX TERIOR AO NOSSO SISTEMA SOLAR FORMADO POR UM GAS MUITO QUENTE DESCOBERTA PELA agencia espacil da ESA - Portugal E OUTROS PAISE INCLIDO A NASA PELA SONDA CoRot-eixo 1 b” raio 1.8 vezes mais a de JUPITER SITUADO A 1500 ANOS LUZ DA Terra em direção a constelação do Unicórnio comunicado da ESA portugal com a massa 1/3 veses a massa de Jupiter o maoir Planeta de nosso sistema solar, gira em torno de uma estrela semelhante ao nosso Sol, obita um dia e meio = 36 hras. paticipação Portuguesa enqudrada na contribuição da agecia espacial ESA que foi liberada para este projeto internacional dos estudos espaciais (CNES) de Fhormer segundo agencia Lusa, sengundo informa o cientista Portugues; Mario João Monteiro- có investigador com o objrtivo de aprofundar do interior e da evolução das estrelasreconhecer melhor o nosso Sol e saber sob a duração da vida de nosso Sol, sondando as estrelas missão acr´nimo em ingles copreendendo a rotaão e trasito planetario com a coloboração; Brasil,Espanha, Alemanha, Austria, e Prussia.
DISSE O CIENTISTA E SUA E QUIPE TRABALHADORAaria de codigo cismico de contelhaçoes estelar, refere acapacidade do satelite sondar o interior das estrelas estudar ondas acusticas que se propaga na superfice do planeta evia a Terra tecnica chanmada Sicrologia estelar ou astro sismologico, esplica o cintista portugues e matematico e diretor de astrofisica da Universidade de Porto desde 2002 a 2008. informa que os dados enviados sob a vertente dessa missão e outra do trasinto planetario com tecna para porcurar exo-Planeta no esterior do sistema solar concistem em detectar. Refere-se perda de luz que provova em sua estrela ao passar na frente para cumprir este objetivos A SONDA CAROT olha em profundidade o interior a cerca de centenas de estrelas e obseva milhares de outras estrelas, com telecopios d 27 centimetro de diametro equipado com camaramunida de CCD Aponta para uma obita polar a 850 km da Terra.Observa o Sol durante 150 dias em diferente s regiões para optinizar o retorno cientifico. obiseva com extensão mais curta de 20 dias dias aternados com mais duração. Conmentario do cientista Mario João Monteiro. cometaro este na s palavra de Newton Moneiro Guimarães sengundo enetdeu o cometario via radio do cientista portugues.

vejamos.Em pleno século 21, a humanidade continua tentando conciliar fé e razão. Mas será que algum dia a ciência terá condições de provar que foi mesmo Deus (ou alguma outra entidade superior) quem criou o Universo e determinou os rumos da evolução?

O zoólogo Richard Dawkins e o paleontólogo Simon Conway Morris têm muito em comum: lecionam nas mais prestigiadas universidades da Grã-Bretanha (Dawkins em Oxford e Morris em Cambridge) e compartilham opiniões e crenças científicas quando o tema é a origem da vida. Para ambos, a riqueza da biosfera na Terra é explicada mais do que satisfatoriamente pela teoria da seleção natural, de Charles Darwin. Os dois também concordam que, caso a história do nosso planeta pudesse ser reproduzida em outro lugar, a evolução provavelmente seguiria um rumo bem parecido ao observado por aqui, inclusive com o aparecimento de animais de sangue quente, como nós. Num encontro realizado na Universidade de Cambridge em outubro, porém, eles protagonizaram um novo round de um debate que divide a humanidade desde que o mundo é mundo: Deus existe? Morris, cristão convicto, afirmou na palestra promovida pela Fundação John Templeton (cuja missão é “explorar as fronteiras entre teologia e ciência”) que a “misteriosa habilidade” da natureza para convergir em criaturas morais e adoráveis como os seres humanos é uma prova de que o processo evolutivo é obra de Deus. Já o agnóstico Dawkins disse que o poder criativo da evolução reforçou sua convicção de que vivemos num mundo puramente material. O debate entre Dawkins e Morris, como já foi dito, não é novo, longe disso. De um lado, é óbvio que sempre haverá bilhões de pessoas que acreditam em Deus. Ao mesmo tempo, dificilmente vamos viver para comprovar Sua existência (ou inexistência). Entender alguns laços que unem ciência e religião e mostrar como essa relação vem mudando ao longo dos tempos é o tema desta reportagem.

Durante muitos séculos, Deus (e só Ele) foi apresentado como o principal responsável pelo sucesso da aventura humana sobre o planeta – nas artes, nos livros, nas escolas e nas igrejas. Até que a ciência começou a mostrar que isso não era necessariamente verdade. Na década de 1860, a teoria da seleção natural e da evolução das espécies, de Charles Darwin, lançou as primeiras dúvidas consistentes acerca da influência divina sobre a ordem da vida na Terra. Com o passar dos anos, mais e mais pesquisadores passaram a defender que o destino da humanidade era abandonar gradativamente a fé e a religião em nome da crença em explicações “objetivas” para os fenômenos naturais. “No fim do século 19, os cientistas acreditavam estar muito próximos de uma descricão completa e definitiva do Universo”, escreveu o físico britânico Stephen Hawking.

No século 20, Nietzsche, Marx, Freud, Sartre e outros chegaram a apostar na “morte” de Deus e no início de uma “era da razão”. Não é preciso ser um especialista para saber que esse triunfo não se concretizou. Ao contrário. O que se observa hoje é uma revalorização da fé, inclusive entre os cientistas, como Simon Morris. “Ao longo da história, a relação do homem com o sagrado tem se mostrado um traço extremamente persistente”, diz Oswaldo Giacoia Júnior, professor de história da filosofia moderna e contemporânea da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp. “Nos regimes socialistas em que a religião era proibida as pessoas substituíam a fé por uma ideologia.”

Cabe, então, à ciência provar a existência de Deus? O paleontólogo americano Stephen Jay Gould acredita que nenhuma teoria (nem mesmo a da evolução) pode ser vista como uma ameaça às crenças religiosas, “porque essas duas grandes ferramentas da compreensão humana trabalham de forma complementar, e não oposta: a ciência para explicar os fenômenos naturais e a religião como pilar dos valores éticos e da busca por um sentido espiritual para a vida”. É por pensar assim que ele sempre se colocou do lado dos pesquisadores que são contra misturar ciência com religião (leia mais no quadro da página ao lado).

Quem é Deus?
O cabelo e a barba grisalhos denunciam a idade, mas o corpo é forte e musculoso. Os traços da face transmitem a autoridade de quem não hesitará em agir sobre o mundo caso seja necessário. Para bilhões de ocidentais, a pintura de Michelangelo no teto da capela Sistina, no Vaticano, é a síntese perfeita de Iavé, o Deus bíblico, aquele que “criou tudo em 6 dias”. Como diz o escritor americano e ex-jesuíta Jack Miles, autor de Deus, uma Biografia, mesmo quem não acredita continua moldando seu caráter por influência dessa imagem. Miles faz uma análise surpreendente da Bíblia, ao tratar de Deus como um personagem literário. O resultado é que, como protagonista do livro mais influente da história, Iavé revela uma personalidade que oscila bastante em relação à sua criação – como no momento em que ordena o dilúvio, para tentar “consertar” tudo.

Mas esse Deus é apenas uma entre inúmeras concepções de divindades. Não há sequer consenso em torno do número de deuses. Para mais de 750 milhões de hindus, existem centenas deles, como Brahma, Shiva e Krishna, para ficar nos mais conhecidos. Em rituais xamânicos de origem indígena, os deuses incorporam até em plantas e animais. E para mais de 350 milhões de seguidores do budismo, não há sequer uma divindade a cultuar – apenas Buda, um homem que atingiu a iluminação e virou guia espiritual. Como, então, a ciência pode encontrar Deus?

Apesar disso, os estudiosos sabem que há algo em comum entre essas crenças. Sem exceção, elas acreditam que há uma ordem, uma espécie de propósito (ou, se você preferir, sentido) no Universo. Nenhuma religião trabalha com o pressuposto de que o acaso e a indiferença regem as nossas vidas. Curiosamente, foi a busca por essa ordem que acabou impulsionando o avanço da própria ciência.

Da geometria ao acaso
No século 18, a maioria dos filósofos e cientistas acreditava piamente que a humanidade estava prestes a decifrar (integral e definitivamente) a ordem do Cosmos. Na época, havia motivos de sobra para tamanho otimismo: fazia mais de 100 anos que Isaac Newton publicara Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, considerada até hoje a obra mais importante da história da física. Nela, Newton não apenas descreveu como os corpos se deslocam no espaço e no tempo, mas desenvolveu a complexa matemática necessária para analisar esses movimentos. Segundo essa teoria, as leis do Universo eram estáveis e previsíveis, como se tivessem sido projetadas por um craque da geometria. Em 1794, o escritor, poeta e artista plástico inglês William Blake resumiu essa idéia ao desenhar Deus (um velho barbudo, como o de Michelangelo) criando o mundo com um compasso na mão. “A metáfora do Deus geômetra deriva da velha idéia platônica de um Universo dualista, em que há a necessidade de existir uma ordem, mas continua influenciando a ciência até hoje”, diz o brasileiro Marcelo Gleiser, autor de O Fim da Terra e do Céu e professor de física e astronomia da Faculdade de Dartmouth, nos EUA.

A imagem de Deus, nesse sentido, era perfeitamente compatível com a visão científica do mundo da época. Os problemas só surgiam quando alguém tentava juntar as mais recentes descobertas da ciência com a história bíblica da Criação. Afinal, o estudo das camadas geológicas que formaram a Terra já provava que nosso planeta tinha milhões de anos – e não 5 mil, de acordo com os cálculos de Santo Agostinho. Mas bastava esquecer “detalhes” como esse para que todos fossem dormir felizes, conscientes de que o Universo tinha sido mesmo obra do Criador. Até que…

Se havia uma ordem no Universo, nada mais natural que ela comandasse todas as forças da natureza. E o homem, é claro, era visto como o exemplo máximo da perfeição da vida sobre a Terra. Mas Charles Darwin apresentou sua teoria sobre a seleção natural das espécies e colocou em xeque a idéia de que Deus era o responsável por tudo isso que está aí. Vale lembrar que Darwin nunca disse que o homem descendia dos macacos – apenas que homens e macacos eram parentes evolutivos com um ancestral comum (os paleantropólogos estimam, hoje, que esse “tataravô” viveu em algum momento entre 4 milhões e 6 milhões de anos atrás). Ainda assim, muita gente não aceitou a idéia de que as espécies vivas, incluindo a nossa, possam ter se desenvolvido graças apenas à seleção natural, tendo evoluído quase por acaso em meio a tantas outras espécies. O fato é que o estudo da história da vida em nosso planeta comprovou que, durante milhões de anos, outras espécies reinaram por aqui sem que houvesse nenhuma necessidade da existência dos homens. Como bem resume o cientista americano Carl Sagan no seriado de televisão Cosmos, recentemente relançado em DVD pela super, se a história do Universo fosse condensada em apenas um ano, o aparecimento da espécie humana teria ocorrido nos últimos instantes do dia 31 de dezembro.

E o avanço da física deixou claro que, se o Universo fosse um relógio, nem sequer o tempo marcado por ele seria preciso. Em 1905, Albert Einstein publicou seu estudo da Teoria da Relatividade que, resumidamente, pôs fim à idéia de tempo absoluto. A estabilidade perfeita das leis de Newton começou a se despedaçar para sempre. Logo em seguida, o estudo da mecânica quântica revelou que não é possível sequer prever a posição exata de partículas subatômicas, obrigando os cientistas a se contentar em trabalhar com probabilidades. Apesar de ter ajudado a destruir a velha noção de ordem no espaço e no tempo, Einstein acreditava cegamente que a natureza funcionava (ou deveria funcionar) segundo regras bem definidas – e não de maneira aleatória, como num grande jogo de azar. Numa carta para o físico Max Born, Einstein escreveu: “Você crê em um Deus que joga dados e eu, na lei e na ordem absolutas.” Se para um cientista como Albert Einstein não era fácil lidar com o acaso e o caos, imagine para os que acreditam na religião.

Do ponto de vista da física pura, porém, é importante ressaltar que todo esse papo de criação do Universo tem pouca (ou nenhuma) importância. Não fosse pela descoberta da teoria do big-bang (segundo a qual ele surgiu após uma grande explosão), nem sequer haveria a necessidade de provar que houve uma “hora zero”, afinal o tempo e o espaço são mesmo relativos, não é mesmo? Curiosamente, o big-bang passou a ser considerado por muitos fiéis a “evidência científica” de que a Bíblia está certa ao descrever o “início de tudo”. Talvez para tentar explicar a incompatibilidade existente entre a física das partículas subatômicas e a Teoria da Relatividade, muitos pesquisadores têm discutido atualmente a chamada Teoria das Supercordas, que propõe uma explicação unificada capaz de preencher essas lacunas. “De qualquer maneira, essa tese é mais um desejo de encontrar uma ordem do que algo validado cientificamente”, diz o físico Marcelo Gleiser.

E se a ciência conseguisse achar essa tal ordem no Universo, será que isso seria a prova da existência de Deus? Ou será que a busca pelo divino não passa de uma necessidade inventada pelo homem para colocar um sentido em tudo (afinal, até onde se sabe, somos os únicos animais que tentam entender por que existe a morte)? Nas últimas décadas, o que se tem visto é um acirramento das diferenças entre aqueles que acreditam que a complexidade da vida só pode ser explicada por uma inteligência superior e aqueles que defendem que a inclinação para acreditar em Deus é apenas um traço biológico da nossa espécie, ou seja, somos programados para ter fé. É o que veremos nas próximas páginas.

Deus vai à escola
Dover, no estado americano da Pensilvânia, é uma daquelas cidades tão pequenas que mal dá para avistar seu núcleo urbano da altura média de vôo de um jato comercial. A pacata vida de seus 1814 habitantes, a maioria descendente de alemães, quase nunca foi notícia nos grandes jornais dos EUA. Tudo mudou no dia 18 de outubro deste ano, quando teve início o julgamento sobre a grade curricular de uma escola pública local que decidiu dedicar parte das aulas de biologia ao estudo de uma teoria conhecida em inglês como intelligent design (algo como projeto ou desenho inteligente, numa tradução livre para o português). Seu principal cartão de visita é o fato de se contrapor à tese de Darwin sobre a seleção natural e a evolução das espécies. Como a Constituição americana garante a total separação entre a Igreja e o Estado, alguns pais acharam que a direção do colégio estava muito perto de misturar ciência e religião, apelaram para a intervenção da Justiça e o debate pegou fogo no país.

Nas salas de aula em questão, as crianças e jovens aprendem que várias tarefas altamente especializadas e complexas do organismo humano – como a visão, o transporte celular e a coagulação, entre outras – só podem ser explicadas pela ação de uma força maior ou, em outras palavras, pela intervenção de um ser superior, capaz de bolar o tal desenho inteligente do nosso corpo e da nossa mente. Para a maioria dos biólogos do planeta, contudo, essa tal inteligência não passa de um novo nome para um velho conceito: o criacionismo bíblico, segundo o qual estamos na Terra apenas porque saímos da prancheta (ou da imaginação) divina para nos reproduzir “à Sua imagem e semelhança”.

Se, como já foi dito no início do texto, há muitos cientistas que não vêem motivos para buscar as impressões digitais de Deus na história do Universo, outros tantos acreditam que as teses de Darwin têm falhas e, como tal, precisam ser ensinadas nas escolas “em toda sua amplitude”, ou seja, alertando os alunos para o fato de que há controvérsias a respeito das descobertas que o jovem naturalista inglês fez a bordo do navio Beagle. Os defensores do desenho inteligente juram que não têm nenhuma ligação com os criacionistas do século 19, que difundiam uma interpretação literal do Gênese para conter a rápida e eficaz disseminação das teorias darwinistas – apesar das críticas da maior parte dos colegas da comunidade científica.

“Uma coisa é você tentar justificar uma fé usando argumentos científicos, outra é descobrir uma teoria científica que pode ser compatível com a fé”, disse à Super o bioquímico Michael J. Behe, pouco depois de depor no julgamento em defesa da “nova tese”. Professor da Universidade de Lehigh, na Pensilvânia, e autor do livro A Caixa-Preta de Darwin, ele diz que, se toda formulação científica compatível com uma crença religiosa tivesse de ser descartada automaticamente pelos pesquisadores, os astrônomos jamais poderiam aceitar os estudos sobre o big-bang. “Estou apenas defendendo o direito dos estudantes de terem acesso a outras idéias sobre a criação do Universo”, afirmou Behe.

A discussão em torno do ensino de ciências – inclusive com a interferência do Poder Judiciário – não é nenhuma novidade nos EUA. No início dos anos 20, muitos estados americanos simplesmente proibiram os alunos de ter aulas sobre as teorias evolutivas de Darwin. Em 1925, teve início um julgamento que, num primeiro momento, levou à condenação de um professor do ensino médio do Tennessee simplesmente porque ele acreditava que somos parentes dos macacos (e dizia isso em classe). Após sucessivos recursos de ambos os lados, o processo só terminou em 1968, quando a Suprema Corte decidiu que qualquer iniciativa no sentido de definir o currículo escolar com base em crenças religiosas era inconstitucional.

É por isso que tantos vêem o desenho inteligente como uma espécie de cortina de fumaça para colocar Deus de volta nas salas de aula? Será que, do ponto de vista científico, o desenho inteligente tem consistência? “Por enquanto, não”, afirma Vera Volferini, professora de genética e evolução da Unicamp. Segundo a bióloga, não existem ainda argumentos científicos que sejam tranqüilamente aceitos pela maioria dos pesquisadores. “Teorias como essa presumem que o ser humano é o resultado de um projeto perfeito, o que não é verdade. É consenso entre os especialistas que o design humano, apesar de eficiente, está longe de ser inatacável biologicamente. A próstata do homem, para ficar em apenas um exemplo, não segue um desenho anatômico ideal”, diz ela. E é justamente essa falha na concepção que provoca muitos problemas que afetam boa parte dos machos da espécie. Além disso, por que não poderíamos ter mais de 5 dedos em cada mão? Vera explica que, ao menos do ponto de vista biológico, temos esse número de dedos não porque seria um problema ter um ou dois a mais, mas porque fazemos parte de uma espécie cujo ancestral, há milhões de anos, tinha (por acaso) 5 dedos.

No Brasil, a teoria criacionista já desembarcou também – nos colégios públicos do Rio de Janeiro e, por enquanto apenas nas aulas de religião (em 2002, um lei proposta pelo governador Anthony Garotinho incluiu a disciplina “religião confessional” no currículo escolar). E a atual governadora do estado, a presbiteriana Rosinha Matheus (mulher de Garotinho), afirmou recentemente ao jornal O Globo que não acredita nas teses darwinianas. Apesar de o assunto não ser tratado nas aulas de biologia por aqui, o tema vem preocupando entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que já se manifestou contra a disseminação do criacionismo nas escolas fluminenses. “O problema não é ter ou não uma crença pessoal”, diz Marcelo Menossi, professor de genética molecular da Unicamp. “O problema é tentar justificar e espalhar essa crença usando falsos argumentos científicos.”

Genética da religião
Nos anos 60, a britânica Jane Goodall afirmou que algumas espécies podem ter a religiosidade gravada nos próprios genes. A pesquisadora ficou famosa ao estudar o comportamento de chimpanzés na Tanzânia. Numa de suas numerosas observações, descobriu que os macacos agiam de maneira nada usual diante de uma cachoeira, demonstrando o que ela batizou de senso místico e de reverência. “Alguns permaneciam sentados numa rocha em frente à queda d’água, como se estivessem encantados. Outros ficavam sob a queda d’água por mais de 50 minutos, quando normalmente nem gostavam de se molhar.” Goodall concluiu que esse comportamento é um traço de religiosidade primitiva. E nós? Será que também nós humanos fomos “programados” para acreditar em Deus?

Para o biólogo Edward O. Wilson, um dos pioneiros da sociobiologia (ciência que se dedica a compreender o comportamento humano por meio da biologia), a predisposição para a religião é mesmo resultado da evolução genética do cérebro. Segundo ele, nossa inclinação para acreditar num ser superior pode ser resultado da submissão animal. Ele conta que entre macacos rhesus o macho dominante caminha com a cauda e a cabeça erguidas, enquanto os dominados mantêm a cabeça e a cauda baixas, em sinal de respeito ao líder – em troca, eles têm proteção contra os inimigos e acesso a abrigo e alimento. Segundo Wilson, a tendência de se submeter a um ser superior é herança dessas ações. “O dilema humano é que evoluímos geneticamente para acreditar em Deus, não para acreditar na biologia.”

Essa seria uma das razões pelas quais Deus é sempre invocado quando precisamos lidar com temas etéreos (e muitas vezes polêmicos, como a bondade, a solidariedade etc.). “Afinal, se Deus for apenas uma constante física, é óbvio que ele não terá nada a dizer sobre ética, certo e errado ou qualquer outra questão moral”, diz o britânico Richard Dawkins.

O radiologista Andrew Newberg e o psiquiatra Eugene D’Aquili (que morreu há 5 anos) resolveram buscar diretamente no cérebro a origem da experiência religiosa. Utilizando aparelhos de tomografia, eles revelaram as áreas mais ativadas pela meditação em 8 budistas e em um grupo de freiras franciscanas. A pesquisa, cujos resultados foram publicados no livro Why God Won’t Go Away (“Por que Deus não Vai Embora”, sem tradução no Brasil), mostrou que durante as orações havia uma diminuição da atividade no lobo parietal superior, a área do cérebro responsável pela nossa orientação de tempo e espaço, pela sensação de separação entre o corpo e o indivíduo e pela delimitação entre o “eu” e os “outros”. Ou seja, ao meditar criamos um bloqueio que provoca a sensação de unicidade típica do êxtase religioso.

Além disso, várias outras pesquisas comprovam que ter fé, independentemente de acreditar em um ou mais deuses, faz bem para o corpo e a mente, pois melhora as condições de saúde e aumenta a sensação de felicidade. A ciência ainda não conseguiu explicar se Deus criou o nosso cérebro com essa habilidade ou se foi a evolução que fez o cérebro criar esse portal para Deus. Mas nesta nova era de espiritualidade talvez isso não seja tão importante assim. O que conforta muita gente é acreditar que é possível melhorar o mundo pela fé.

“A relação do homem com o sagrado tem se mostrado um traço persistente.”

Oswaldo Giacoia Júnior, professor de história da filosofia moderna e contemporânea da Unicamp.

“A metáfora do deus geômetra deriva da velha idéia platônica de um universo dualista, em que há a necessidade de existir uma ordem superior, mas continua influenciando a ciência até hoje.”

Marcelo Gleiser, professor de física e astronomia da Faculdade de Dartmouth, nos EUA.

“Uma coisa é você tentar justificar uma fé usando argumentos científicos, outra é você descobrir uma teoria científica que pode ser compatível com a fé.”

Michael J. Behe, bioquímico e um dos principais defensores da tese do “desenho inteligente”.

“Se Deus for só uma constante física, é óbvio que ele não terá nada a dizer sobre o que é certo ou errado em questões morais.”

Richard Dawkins, zoólogo e professor da Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Para muitos pesquisadores, o que distingue a ciência de outras visões de mundo é exatamente sua recusa em aceitar cegamente qualquer informação e sua determinação de submeter qualquer tese a testes constantes até que novos dados possam confirmá-la ou refutá-la. Essa visão baseia-se, entre outras coisas, na obra do filósofo vienense Karl Popper, que morreu em 1994. Segundo Popper, a ciência só pode tratar de temas que resistam ao que ele chamou de “critério de falseabilidade”. Resumidamente, o papel do verdadeiro cientista é buscar, com persistência, erros em sua teoria – em vez de tentar achar dados que provem sua correção. Quanto mais genérica e exposta a falhas (ou seja, quanto mais “falseável”), menos provável ela é. Por outro lado, quanto mais resistente (menos falseável), maiores as chances de acerto, pelo menos até o próximo teste. É por isso que um grande número de estudiosos argumenta que não é papel da ciência provar a existência de Deus. “Não faz sentido alguém afirmar que, ao descobrir um mistério do Universo, está ajudando a decifrar a mente divina”, diz o zoólogo britânco Richard Dawkins. Apesar disso, ele reconhece que é fascinante encantar-se diante dos mistérios da natureza – e das limitações científicas para explicá-los. Esse sentimento foi batizado pelo físico brasileiro Marcelo Gleiser de “misticismo racional”. Em outras palavras, é uma espécie de declaração de amor pelos fenômenos naturais, que se concretiza por meio da pesquisa científica. Segundo ele, há um paradoxo por trás da incansável busca por uma ordem e um sentido no Cosmos. “Como o homem é o único ser capaz de amar, tem uma imensa dificuldade em aceitar que o Universo pode ser totalmente indiferente a ele”, afirma.

“Se Deus não existe, tudo é permitido.” A frase, que ficou célebre no livro Os Irmãos Karamazov, do russo Fiodor Dostoievski, resume uma das questões mais cruciais do mundo moderno: sem uma referência divina, passaríamos a viver numa espécie de vale-tudo moral? “Não necessariamente”, diz o filósofo Oswaldo Giacoia Júnior, da Unicamp. “A busca de um código de valores sempre foi uma preocupação central da filosofia, sem necessidade de uma legitimação divina.” No século 18, por exemplo, os ideais de igualdade e justiça social, aceitos hoje como uma preocupação ética, surgiram de formulações dos filósofos iluministas – que acreditavam ser possível defendê-los com base na razão, não na religião (na época, esse tema não era nada popular no Vaticano). Em meados do século 20, o francês Jean Paul Sartre, o pai do existencialismo – segundo o qual de nada adianta buscar um propósito da existência para além da vida humana –, disse que a nossa própria condição de seres que vivem em sociedade é suficiente para justificar a prática de valores solidários. E ainda hoje filósofos como o vienense Peter Singer (um dos mais ferrenhos defensores dos direitos dos animais) continuam defendendo uma série de condutas éticas baseadas na razão, não na fé. Mas será que a adoção pura e simples de uma ética sem Deus não pode nos levar a um racionalismo frio, capaz de ofuscar valores menos palpáveis, como a bondade? “A fé não se traduziu apenas em atos de paz e harmonia ao longo dos tempos”, lembra Giacoia. “Dos grandes conflitos religiosos do passado ao moderno terrorismo fundamentalista, já foram cometidas inúmeras atrocidades em nome da ética religiosa em todo o mundo.”

Fonte: Superinteressante - Texto Rodrigo Cavalcante

Deus, uma Biografia - Jack Miles, Companhia das Letras, 2002
Desvendando o Arco-Íris - Richard Dawkins, Companhia das Letras, 2000
Consiliência - Edward O. Wilson, Editora Campus, 1999
O Romance da Ciência - Carl Sagan, Francisco Alves, 1982
Why God Won´t Go Away - Andrew Newberg e Eugene D’Aquili, Ballantine Books, 2002
A Caixa-Preta de Darwin - Michael Behe, Jorge Zahar Editor, 1997
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